Nossa Mulher Positiva é Giovana Pacini, country manager Brasil da Merz Aesthetics, maior empresa dedicada exclusivamente à medicina estética no mundo. Ela nos conta sobre o desafio de assumir o comando de uma empresa, que responde por 50% do mercado da América Latina, dois meses antes de iniciar a pandemia da Covid-19. Mãe de um casal de gêmeos, com sete anos de idade, ela divide sobre conciliar os diversos papéis que as mulheres precisam administrar. “Nós temos muitos pratinhos para equilibrar na vida e vou ter que decidir qual pratinho vai ter que cair aquele dia, e no outro dia eu compenso. É um aprendizado diário diminuir a cobrança e entender que está tudo bem”, disse.
Como começou a sua carreira? Meu pai sempre trabalhou no mercado farmacêutico e viajava muito – por todo Brasil e internacionalmente. E, desde pequena, achava aquilo incrível, via ele como alguém muito importante. E quando estava cursando a faculdade de administração, surgiu a oportunidade de ser estagiária de comércio exterior na empresa em que ele trabalhava, que era a Eurofarma, uma gigante do mercado. De lá para cá, passei por vários departamentos na área farmacêutica, em um período estive até no setor de tecnologia, mas o fascínio pelo mercado farmacêutico continuou e me levou até o cargo de Country Manager Brasil da Merz Aesthetics.
Como é formatado o modelo de negócios da Merz Aesthetics? A Merz Aesthetics tem sede nos Estados Unidos, e é ativa na investigação, desenvolvimento e distribuição de produtos inovadores na área da medicina estética. Ela faz parte do Merz Pharma Group, que tem outras duas subdivisões: o costumer care em países da Europa e a terapêutica. E a Merz é uma empresa familiar, de capital fechado, mas que consegue conciliar muito bem esse DNA familiar com uma visão de mercado, inovação e tecnologia. O nosso principal foco é o bem-estar dos nossos colaboradores, dos clientes que são os profissionais de saúde e dos pacientes que fazem uso dos nossos produtos. Não por acaso o lema da empresa é: “Live better. Feel better. Look better”.
Qual foi o momento mais difícil da sua carreira? Assumi o cargo de CEO em janeiro de 2020, dois meses antes de estourar a pandemia da Covid-19. E, por si só, o desafio já era imenso, já que eu nunca tinha ocupado esse cargo antes e iria passar a comandar a filial mais importante da América Latina. A minha missão era fazer a companhia crescer no país em números. Então, além de eu aprender a ser uma CEO, com a crise sanitária tive que lidar com outras dúvidas e medos diários. E eu tinha os mesmos medos de todo mundo, de que meus familiares fossem acometidos pela doença, de ter que demitir colaboradores e, ao mesmo tempo, precisava passar serenidade e confiança para as pessoas, passar mensagens positivas, de que as coisas iriam dar certo. Foram muitos obstáculos, mas conseguimos crescer em 79% em 2021, temos um engajamento melhor entre os colaboradores e uma sinergia maior entre as áreas da companhia, e acredito que aprendemos um novo jeito de fazer as coisas.
Como você consegue equilibrar sua vida pessoal x vida corporativa/empreendedora? Não acredito que existe um equilíbrio perfeito na minha vida e nem que está tudo bem o tempo todo. Tem momentos que não consigo fazer alguma atividade do trabalho e preciso abrir mão, assim como têm atividades da vida pessoal que também não consigo cumprir. Então, avalio que o equilíbrio não é estar 100% presente em tudo – eu nem ninguém vamos conseguir. Não acredito que existe um equilíbrio perfeito na minha vida e nem que está tudo bem o tempo todo. Para mim, o meu equilíbrio é entender isso e estar bem resolvida com o fato de não conseguir dar atenção para tudo ao mesmo tempo. Nós temos muitos pratinhos para equilibrar na vida e vou ter que decidir qual pratinho vai ter que cair aquele dia, e no outro dia eu compenso. É um aprendizado diário diminuir a cobrança e entender que está tudo bem.
Qual seu maior sonho? Não tem como falar em sonhos e não pensar nos meus filhos. Acredito que é continuar tendo saúde até muito velhinha para ver eles felizes ao longo de toda a vida. E ser feliz não é que eles tenham que ter profissão X e ter muito dinheiro, é ser feliz nas pequenas e grandes conquistas. Quero continuar participando da maioria das atividades deles, perceber a evolução e saber que estou educando duas pessoas que se importam com o próximo e com o mundo.
Qual sua maior conquista? Pelo lado profissional, avalio que é ser muito bem reconhecida dentro da empresa pelos colaboradores que estão comigo no meu dia a dia, pela região da América Latina e globalmente. Como falei antes, quando assumi a empresa, o desafio foi muito grande. E saber que fui capaz de entregar, de continuar crescendo e estar melhorando cada dia mais, isso é uma super conquista. E não são somente números, mas sim em qualidade, em ter feedbacks das pessoas, saber que os colaboradores estão felizes, estão satisfeitos, reconhecem a empresa por três anos seguidos com um ótimo lugar para trabalhar pela certificação GPTW. E do lado pessoal é estar super feliz com a minha família, conseguir que a minha rotina funcione com o meu marido e com os meus filhos, que entendem o meu trabalho. Minha filha fala que quer ser como eu quando crescer e, se ela fala isso, porque ela me vê feliz.
Livro, filme e mulher que admira. Eu sempre admirei o propósito e a maneira da Disney, de se organizar, como eles pensam na experiência inesquecível para qualquer pessoa que vai lá, e no livro “Onde os Sonhos Acontecem: Meus 15 anos como CEO da The Walt Disney Company”, o Robert Iger conta de mudanças importantes que a empresa passou, mas como os valores foram mantidos. Quando falamos de filme, eu vou indicar dois: “Viagens de Pi” e “Beleza Oculta”, que passam uma mensagem inspiradora sobre nosso posicionamento em dilemas da vida. E, por fim, a mulher que eu admiro hoje é a Cristina Junqueira, cofundadora e CEO do Nubank, por sua naturalidade e o exemplo de conciliar carreira, maternidade e vários outros papéis que temos que desempenhar na vida.
*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.
Artigo original – Jovem Pan – Country manager da Merz Aesthetics conta como fez empresa crescer 80% em meio à pandemia de Covid-19